terça-feira, 20 de setembro de 2011

A queda faz parte do aprendizado (da mãe)

Cada gravidez gera não apenas filhos, mas também sonhos.


     Antes mesmo de conhecermos nossos bebês somos capazes de imaginar tudo de melhor que eles poderão fazer e até mesmo ser neste mundo. Entendo que durante nove meses (ou menos para os mais apressados) o instinto materno aflora alimentado por sonhos e histórias a serem vividas tão bem escritas em nossos pensamentos; afinal deixamos de ser apenas um e passamos a comer, respirar, descansar e viver por dois (mãe e filho). 

    Com o crescimento dos nossos filhos, aqueles sonhos maternos  amadurecidos durante os nove meses de gestação sofrem algumas adequações frente a realidade do cotidiano corrido de cada família (impossível tantas atividades programadas para tão curta semana) e passam pela revisão do protagonista principal da história (a própria criança). 

    Quando descobri que meu segundo bebê era um menino, lembro que me alegrava a ideia de um dia poder levá-lo ao futebol, natação, judô e tudo mais que o agradasse. Ingenuamente, eu nunca havia cogitado que os empurrões, tombos e afogamentos acompanhariam tais aprendizagens. A pouco tempo, assistindo a uma apresentação de judô essa realidade me foi apresentada nua e crua. 


    Prontos para registrar todos os golpes e evolução do nosso garoto nas lutas, toda a família garantiu seus lugares no pequeno espaço da sala e a apresentação começou. O treino demonstrado entre crianças de idades variadas (5 e 10 anos) vinha de encontro à minhas expectativas em ver meu filho se defendendo diante dos ataques, mas quando a demonstração passou a ser de lutas, tudo mudou. Cada queda dele no tatame trazia no meu instinto materno protetor uma dor aguda, que pouco a pouco estava se tornando insuportável.

     Foram minutos intermináveis de apresentações, ainda que nem todos eu consiga relatar (meus olhos permaneram incontrolavelmente fechados quando meu filhote era arremessado rumo ao chão). Cada queda ecoava em mim como uma sirene estridente em caso de perigo anunciado. Bem diferente estava a mãe do aluno que, friamente, derrubava meu pequeno...

    Minha consciência doía ao ver os olhinhos tristonhos dele todas as vezes que não conseguia se defender. Logo me questionei se realmente estava correto tê-lo matriculado naquele esporte ( será que seu talento seria para  o judô?). 

     Conversando com seu professor e expondo MINHAS frustrações(confesso que meu filhote não se importou com tamanha derrota nas lutas), pude perceber que não poderemos - nem devemos - poupar demais nossos filhos dos fracassos. Toda derrota, se trabalhada com competência pelos orientadores e com amor pelos pais, pode tornar-se um incentivo para garantir maior esforço necessário para melhorar o desempenho dos nossos filhos.

     Até a próxima troca de faixa do meu pequeno no judô terei tempo suficiente para me preparar para mais quedas, e enfim incentivá-lo a continuar frente a mais um desafio de superação (desde tão cedo em sua vida).