segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

De olho no futuro

Olhando para o futuro com os pés firmados no presente.
    Conversando com velhos amigos sobre os rumos que nossas vidas tomaram na última década (ou décadas) falamos de tudo: sonhos que deram certo e outros que não deram tão certo assim. Para alguns de nós o tempo levou aqueles anseios financeiros para um 2º plano, estando de bom tamanho ficar mais com a família e conseguir pagar as  contas em dia; para outros o sucesso financeiro e profissional mais que nunca assumiu a primeira posição, já que uma família maior trouxe mais gastos e mais sonhos (aqueles antigos mesclaram-se aos novos sonhos gerados para cada filho).

     Este rumo de conversa trouxe curiosidades (pelo menos para mim) sobre a biografia de algumas pessoas consideradas bem sucedidas financeiramente. Impressionante como essas pessoas são admiradas por “enxergar longe”, serem visionárias, capazes de ”ver além do nosso tempo”. Não havia dúvidas que os grandes sucessos estavam guardados no futuro e para encontrá-los só mesmo com a iluminação de uma estrela na testa.

     De ouvidos atentos e olho no futuro, o filho de um dos casais concluiu: - “então pra ser rico e famoso é só eu ter uma boa ideia quando crescer!”. Envolvendo ainda mais a criança, o pai comentou que jogar futebol como os craques já garantia um caminho ainda mais fácil.
     A conversa parou por ai, embora ninguém tenha explicado ao pequeno ouvinte a maioria de nós cresce sem nenhuma estrela na testa para iluminar essas ideias. Ali mesmo não faltava testemunhos de que só mesmo com muito esforço, perseverança, frustração, suor e estudo podemos trilhar caminhos seguros que nos levem a grandes conquistas (ou  pelo menos nos aproximamos dele).


   Sempre ouço falar que as crianças de hoje são espertas, estimuladas demais. Talvez por isso mesmo devemos prestar mais atenção nas conversas que permitimos que elas participem, direta ou indiretamente. Nós somos os responsáveis pelo seu aprendizado e apresentar as virtudes como horizonte para seus sonhos com certeza contribui muito mais que lançar ilusões que limitem seus esforços. 


    A maturidade natural da fase adulta (ou pelo menos esperada) nos garante a capacidade de filtrar tudo aquilo que ouvimos: desprezamos palavras e conselhos que não nos trazem benefícios para a vida. Nessa lógica estejamos mais atentos ao ofertar conselhos aos pequenos, sabendo que se nós mesmos os seguíssemos nunca iríamos longe o suficiente para chegar ao alvo.


          

    

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quem educa quem?

Com sua leveza e inocência, a mão dos pequenos aperfeiçoa o trabalho dos adultos 
     
    Educar os filhos é um trabalho sem fim para qualquer família: falar uma, duas, três.... vinte, trinta vezes cansa, mas é necessário. Tem criança teimosa, geniosa, tranquila (nem por isso deixa de fazer suas peripécias naturais da idade) e perspicaz (imprescindíveis para a reforma de seus pais). 


     Educação de pais também deve ser encarada como um trabalho sem fim, já que somos pais de bebês, que se tornarão crianças, que se tornarão adolescentes, que se tornarão adultos e com tantas mudanças, exigem enfoques educacionais diferentes para cada fase.


     Andei refletindo sobre o assunto ao educar meu filho que teve um péssimo comportamento com seu amigo. Aqui em casa, um recurso de disciplina que funciona é privar as crianças de assistirem televisão durante alguns dias. Durante esse período sem TV, conversamos muito mais, já que todas as vezes que a vontade de ver o programa predileto aparece, vem as lamentações sobre o assunto que levou a isto.  Com muita conversa, percebi que ele realmente havia entendido que tinha magoado o amigo e não o  tratara com o respeito que ele próprio gosta de ser tratado. Considerei que, como mãe, eu havia realizado um bom trabalho educacional. 


     Alguns dias depois, num daqueles dias em que a criança está animadíssima e a mãe não; aconteceu um desrespeito de minha parte com meu filho. Por diversas vezes eu o corrigi, irritada com suas brincadeirinhas que atormentavam sua irmã e a mim também. Não me dei conta que minhas broncas seguiam uma escala desproporcional a suas brincadeiras. Minhas palavras repetidas vezes feriram seus sentimentos e aquele seu sorriso lindo que amo, ficou cada vez menor. 


    Sem amor nas palavras, caso contrário o resultado não teria sido tão ruim, continuava a corrigi-lo. Sem que percebêssemos, ele deixou o lugar onde estávamos e deitou sozinho no sofá, chorando sem deixar sair nenhum som (vergonha misturada com desamparo).


     Passada a raiva, fui procurá-lo e encontrando-o calado com seus olhinhos brilhando então uma nítida tristeza, me envergonhei do que fizera. Dentro de um longo abraço, pedi sinceras desculpas, reconhecendo que não havia respeitado seu jeito: muito menos tratado ele da maneira que gosto que me tratem. 


    Desculpas aceitas, logo perguntou: mãe, quando o adulto faz coisa feia quem o educa? Por alguns minutos não tive resposta.
Pensava como explicar que ele mesmo, imerso na sua inocência, havia me educado. 
     
     OS conceitos de um relacionamento saudável impostos às crianças nem sempre são praticados por nós adultos. Se respeitarmos a mão-dupla no trânsito do relacionamento entre pais e filhos, todos serão mais educados.