quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quem educa quem?

Com sua leveza e inocência, a mão dos pequenos aperfeiçoa o trabalho dos adultos 
     
    Educar os filhos é um trabalho sem fim para qualquer família: falar uma, duas, três.... vinte, trinta vezes cansa, mas é necessário. Tem criança teimosa, geniosa, tranquila (nem por isso deixa de fazer suas peripécias naturais da idade) e perspicaz (imprescindíveis para a reforma de seus pais). 


     Educação de pais também deve ser encarada como um trabalho sem fim, já que somos pais de bebês, que se tornarão crianças, que se tornarão adolescentes, que se tornarão adultos e com tantas mudanças, exigem enfoques educacionais diferentes para cada fase.


     Andei refletindo sobre o assunto ao educar meu filho que teve um péssimo comportamento com seu amigo. Aqui em casa, um recurso de disciplina que funciona é privar as crianças de assistirem televisão durante alguns dias. Durante esse período sem TV, conversamos muito mais, já que todas as vezes que a vontade de ver o programa predileto aparece, vem as lamentações sobre o assunto que levou a isto.  Com muita conversa, percebi que ele realmente havia entendido que tinha magoado o amigo e não o  tratara com o respeito que ele próprio gosta de ser tratado. Considerei que, como mãe, eu havia realizado um bom trabalho educacional. 


     Alguns dias depois, num daqueles dias em que a criança está animadíssima e a mãe não; aconteceu um desrespeito de minha parte com meu filho. Por diversas vezes eu o corrigi, irritada com suas brincadeirinhas que atormentavam sua irmã e a mim também. Não me dei conta que minhas broncas seguiam uma escala desproporcional a suas brincadeiras. Minhas palavras repetidas vezes feriram seus sentimentos e aquele seu sorriso lindo que amo, ficou cada vez menor. 


    Sem amor nas palavras, caso contrário o resultado não teria sido tão ruim, continuava a corrigi-lo. Sem que percebêssemos, ele deixou o lugar onde estávamos e deitou sozinho no sofá, chorando sem deixar sair nenhum som (vergonha misturada com desamparo).


     Passada a raiva, fui procurá-lo e encontrando-o calado com seus olhinhos brilhando então uma nítida tristeza, me envergonhei do que fizera. Dentro de um longo abraço, pedi sinceras desculpas, reconhecendo que não havia respeitado seu jeito: muito menos tratado ele da maneira que gosto que me tratem. 


    Desculpas aceitas, logo perguntou: mãe, quando o adulto faz coisa feia quem o educa? Por alguns minutos não tive resposta.
Pensava como explicar que ele mesmo, imerso na sua inocência, havia me educado. 
     
     OS conceitos de um relacionamento saudável impostos às crianças nem sempre são praticados por nós adultos. Se respeitarmos a mão-dupla no trânsito do relacionamento entre pais e filhos, todos serão mais educados.  



6 comentários:

  1. É tão bom saber das experiências íntimas, que só entre o aconchego de um lar. E quando acontece mesmo assim, doloridas experiências ensinam mais do que ler livros sobre a Arte de Educar... para quem tem ouvidos de ouvir isso ensina o quanto não devemos perder a doçura, já que da mãezinha os filhos esperam palavras amorosas mesmo que tenham as coisas saido do trilho!!! Perfeito Re!!!
    Um beijo
    Samy

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  2. ah, esqueci de dizer o quanto experiências pessoais são ricas ao serem contadas!!! mostra o quanto todas nós mães somos parecidas... nos tornam mais iguais e menos culpadas...
    samy

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  3. Depois que li esse texto parei para pensar e descobri que na maior parte das vezes meus filhos é que me educam e me fazem querer ser uma pessoa melhor. Já passei por varias situações como essa que vc descreveu e me senti muito envergonhada, arrenpendida e com vontade de chorar. Algumas delas eu consegui pedir desculpas , outras não e só ficou aquela sensação de fracasso e arrependimento. Sei que é bem provável que eu ainda cometa esse tipo de erro, mas no momento, depois de ler o que vc escreveu, ficou muito claro para mim que tenho que me educar e me esforçar todos os dias para ser uma mãe melhor. Bj

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  4. Sabias palavras amiga, tenho certeza que passarei momentos como estes e ja estou me educando(agora com vc, mais tarde com o Luke!)

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  5. Oi Rê...
    Amei esse post.
    Falou muito ao meu coração.
    Beijos.

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  6. Rê vc se superou... como Deus te deu um dom maravilhoso!!!!! Vc consegue usar as palavras de maneira maravilhosa, é amiga essas crianças nos ensinam muito, muito mais do que imaginamos. Amei! parabens pelas palavras e atitudes.

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