terça-feira, 28 de junho de 2011

Aproveitando o frio para.......


esquentar os pensamentos.
        Não sei se hoje foi o dia mais frio do ano, mas que congelou parte dos meus movimentos, eu bem sei.  Acordar cedinho com o filho pulando na cama ou ter que levantar para trabalhar fora de casa fica menos animador com temperaturas beirando os 6°C (se não chegou a isto vou contestar as informações dos meterologistas).   

        Não adianta, todo mundo (talvez melhor referir a mim e ao meu mundo  inteiro) passa vários meses do ano reclamando do calor insuportável que nos deixa até com moleza. Basta dar um tempo ao tempo, que como bom amigo resolve grande parte dos nossos problemas,  logo vem um agradável ventinho que traz um friozinho e.... lá vem reclamação: vira um geladinho.

       Bem sei que não sou apenas eu que reparo nessas contradições ou mania de murmuração que a maioria das pessoas tem, mas realmente nunca tinha parado pra pensar na minha situação de "reclamante". Eu não sou nem um pouco amante do frio: preciso de muita roupa pesada para não tremer, e consequentemente mal consigo me mexer. Para suportar numa boa esses dias sempre deixei uns limites pré-estabelecidos por mim mesma: só faço o básico, nada de inventar mil e uma atividade como de costume. Consequentemente, as coisas mudam aqui em casa: o ritmo fica outro. 

       Bem intencionada, hoje eu achei melhor não  levar meu filho na aula de natação às 7:50 hs, afinal o frio não estava cooperando. Minha incontestável atitude o deixou inconformado: ele não entendia o por quê, já que a piscina é coberta, a água quentinha e fazer exercício esquenta o corpo. Eu bem que tentei explicar meus frios motivos, mas me atrapalhei ao perceber o péssimo exemplo que eu estava dando ao colocar meus limites na vida dele. Como a regra é sempre a mesma por aqui, minha filha logo concluiu que se estiver muito frio amanhã ela também não vai ao ballet e ele não vai ao judô: chororê garantido. Ele ficou triste a manhã inteira, e eu bem sem graça e pensativa.

       Não tenho coragem, nem vontade, de continuar tão limitada nesse inverno (tomara que não seja longo). Sei que mais uma reforma não encomendada está acontecendo nessa mãe, sem chance nenhuma de deixar pra ser feita depois: faça sol, faça chuva, faça calor ou faça frio.      

        


     

              

     

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Novas vidas....


    Relembrando minhas gestações lamentei que os testes de gravidez, seja de Farmácia ou de sangue, não venham acompanhado de um diário.... talvez assim conseguiríamos eternizar sentimentos e pensamentos que surgem ao descobrirmos uma nova vida dentro de nós.

    Ainda que com apenas alguns centímetros (6,5 cm já faz toda a diferença) nossos bebês já definem nossa vida diferente nos próximos meses, pois são imensamente amados e esperados. Essa nova pulsação no ventre determina novo ritmo de vida: intenso na capacidade de sonharmos uma vida melhor para toda a família que aumenta.

    Páginas e mais páginas poderiam ser escritas mês a mês sobre novas experiências com hormônios a flor da pele, lágrimas prontas para lavar a alma, apetite duvidoso e aumento de peso bem justificado na balança. Um estranho ao ler nosso diário poderia achar relatos românticos da loucura, mas sendo a leitora mãe logo acrescentaria algumas observações próprias para completar o texto.

    Durante nove meses, ou menos para os mais apressados, deixamos de ser um; dividimos alimento (em proporções desiguais: os Kilos a mais nos denunciam), alegrias e tristezas (bom seria para o bebê se nossa placenta tivesse um filtro emocional). Por mais diferente que seja com as famílias, o corte do cordão umbilical no nascimento não altera em grande escala aquela realidade anterior.

    Recém-nascido e mãe ainda se completam, não mais como ser único; mas com necessidades que apenas poderão ser supridas entre si. O filho à espera dos cuidados maternos para sobeviver, enquanto nós mulheres descobrimos o instinto materno trazido com o bebê.

     A mãe se sente responsável por tudo, embora não seja. O ninho de proteção deixa de ser a barriga, mas passa a ser os braços (o colo). Filhos planejados ou não, saudáveis ou doentes, calmos ou agitados nunca mais estarão fora do contexto da história de sua família (ainda que sejam rejeitados, doados ou venham a falecer).

    Os dias de mãe começam lá no descobrimento da gravidez e só terminam com o fim de sua vida (mesmo que não seja presente, ela viveu as transformações de mulher que a gestação trouxe).  

     Por isso, embora os exames apontem apenas um feto, testemunho o nascimento de duas novas vidas: mãe e filho.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Família de heróis

Mais que qualquer criança, acreditei no poder dos super-heróis....
Sabe aqueles dias que 24 horas se torna pouquíssimo tempo para resolver todos os afazeres da casa, dos filhos e do marido? Foi assim que me vi nesta semana: a paciência realmente não sei onde havia guardado, minha luz vermelha se acendia em cada novo "manhêêê" e para não sentar e chorar convoquei a Liga da Justiça. 

     Rodando pela cidade desde bem cedo, enquanto buscava um filho na natação e a outra filha no piano, avisei que eu era a MULHER DE FERRO (eu não estava inventando, afinal era assim mesmo que eu me sentia desde a madrugada) e convidei-os para participarem da nova brincadeira do dia. Bastava escolher um super-herói para ser durante todo o dia. Minha filha, um pouco maior, deu uma risadinha e entendeu que a brincadeira era mais para envolver o irmão.

   Feliz da vida ele disse que queria ser o SUPER-HOMEM. Então expliquei as regras da brincadeira: super-herói de verdade não desiste nunca de fazer coisas difíceis e cada um de nós deveria ser responsável por algumas tarefas.

   Ao chegarmos em casa, a ele caberia colocar ordem no QG dos heróis, pois não havia dúvidas que o inimigo havia atacado seu quarto e banheiro. A LAri deveria arquitetar um plano secreto de ataque ao inimigo, sozinha no seu quarto (pois tinha prova de Português e não ficaria por ali).

   A mim coube dirigir atentamente o carro para conseguirmos chegar até nosso refúgio (tamanho o barulho na minha cabeça me sentia meio tonta), preparar um almoço energético para ficarmos fortes e vencer todas as batalhas, arrumar a roupa e o lanche para o Super-Homem se preparar para a escola e ajudar a irmã heroína a revisar seu plano infalível.

    A manhã terminou tranquila.... eu consegui respirar, fazer o que tinha programado e recuperar fôlego. Nenhuma sirene pedindo socorro foi ligada, embora houvesse movimento com bicicleta na varanda. Minha filha estudou sem ter ninguém para pertubá-la, e a grande surpresa foi que o Super-Homem conseguiu andar a varanda inteira com sua super-bicicleta sem rodinha (há semanas estávamos tentando ensinar meu filho e nada).

    Acreditem: super-heróis existem e ajudam (ás vezes, pelo menos). Nem preciso dizer que minha brincadeira favorita sempre será Liga da Justiça, só espero que meu filhão não enjoe logo de ser super-herói. 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mãe, hoje fui pra Grécia

Ao buscar as crianças na escola, já me preparo para a abrupta quebra do silêncio da tarde. Até chegar em casa, cerca de uns 15 minutos, as vozes se atropelam para ver qual dos dois consegue contar mais detalhes de como foi a aula.

A novidade do dia foi uma viajem que minha menina fez para a Grécia, o problema é que ela não levou seu irmão que chorava sem parar no banco de trás do carro.  Desde pequena sempre foi assim, cada novo livro que ela lê a família toda participa com tantos detalhes compartilhados; e desta vez não foi diferente. As explicações sobre o povo grego foram tantas, que não restava dúvida, realmente a Lari foi para a Grécia.


Segurando a risada, consolei meu filho dizendo que todas as vezes que lemos um livro podemos sim viajar, mas em pensamento. Ela estava tão empolgada, que repetiu a história do Egito que me contou na  noite anterior, afinal conhecer as pirâmides e esfinge para ela foi muito mais emocionante.

 Toda essa história na verdade começou no nascimento da minha primeira filha. Morávamos numa cidade mui quente, e cada banho era uma grande festa regada com livrinhos (sem letrinhas, mas cheio de imagens coloridas). Na estante dos brinquedos, misturávamos livros interessantes para a fase que estava, sendo parte da brincadeira ler histórias e até fazer teatrinho. Nada era forçado, mas a opção de leitura sempre esteve por ali. Hoje, é muito natural para eles viverem as emoções de cada página lida e querer mais e mais aventuras.

Espero que continuem crescendo esperando ansiosamente a próxima Feira do Livro, pois guardam dinheiro no cofrinho para gastar lá. Podem acreditar que não é idéia minha passear na biblioteca durante as férias, nem pedir para avós e tias livros de presente de Páscoa, aniversário e Dia das crianças ( é claro que ás vezes pedem brinquedos, mas minha menina realmente tem mais vontade dos livros).


Embora eu não seja o melhor exemplo de leitora a ser seguida, fico satisfeita em ver meus filhos felizes quando ganham livros de presente e lendo muito mais livros que eu. Aqui coleciono mais um bom exemplo de filho a ser seguido.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quero ser igual aos outros


 Um dia destes, preparando o lanche da escola das crianças com suco natural, bolo caseiro, fruta e pãozinho; assustei quando minha filha (natureba) disse que preferia levar leite com chocolate na caixinha, bolacha recheada e bolo de saquinho. Espantada, perguntei se agora ela gostava dessas guloseimas; e, meio sem jeito, ela respondeu que não, mas queria ser igual aos outros.

Entendendo que a conversa seria séria, respirei fundo; afinal não havia dúvidas que o lanche era apenas a ponta do iceberg. Comecei explicando que uma alimentação boa como a que ela gosta faz bem para a vida inteira, e que realmente seria legal fazer o que os outros fazem, desde que fosse algo bom. 

Já que era hora de comer sobremesa, lhe ofereci o pacote de bolacha que seu irmão devora, e ela até comeu uma.... na segunda já recusou. Então, aproveitando o gancho da desilusão daquele  doce paladar; refletimos juntas (eu bem sem paciência, confesso), que se ela desrespeitasse suas preferências com 8 anos de idade só para agradar as amigas da escola,  cresceria confiando mais nas escolhas dos outros que nas suas;  e, sem perceber, estaria desprezando sua inteligência em grandes escolhas da vida.

 Embalei contando algumas experiências ruins que tive na infância quando aceitei ser "Maria vai com as outras". Não poupei detalhes, e relatei tristezas desnecesárias que tive quando não respeitei minhas opiniões.  Estabelecida a confiança de ambos os lados, nossa conversa se estendeu sobre o que realmente precisamos ter, se é bom ou não ter tudo o que os outros têm, do quanto é importante gostar daquilo que é nosso e valorizar mais o que temos do que o que gostaríamos de ter (uma bela oportunidade eu tive de ensinar e revisar meu testemunho de vida) .

Tenho certeza que essa conversa sobre firmar a identidade está só começando, mas muito serviu para que eu preste cada vez mais atenção nas entrelinhas das conversas dos meus filhotes. O saldo de nossa conversa foi positivo, pois a pedido dela o lanche continuou saudável e pelo menos por enquanto, o recreio com os amigos deixou de ser um problema para minha filha.