quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quero ser igual aos outros


 Um dia destes, preparando o lanche da escola das crianças com suco natural, bolo caseiro, fruta e pãozinho; assustei quando minha filha (natureba) disse que preferia levar leite com chocolate na caixinha, bolacha recheada e bolo de saquinho. Espantada, perguntei se agora ela gostava dessas guloseimas; e, meio sem jeito, ela respondeu que não, mas queria ser igual aos outros.

Entendendo que a conversa seria séria, respirei fundo; afinal não havia dúvidas que o lanche era apenas a ponta do iceberg. Comecei explicando que uma alimentação boa como a que ela gosta faz bem para a vida inteira, e que realmente seria legal fazer o que os outros fazem, desde que fosse algo bom. 

Já que era hora de comer sobremesa, lhe ofereci o pacote de bolacha que seu irmão devora, e ela até comeu uma.... na segunda já recusou. Então, aproveitando o gancho da desilusão daquele  doce paladar; refletimos juntas (eu bem sem paciência, confesso), que se ela desrespeitasse suas preferências com 8 anos de idade só para agradar as amigas da escola,  cresceria confiando mais nas escolhas dos outros que nas suas;  e, sem perceber, estaria desprezando sua inteligência em grandes escolhas da vida.

 Embalei contando algumas experiências ruins que tive na infância quando aceitei ser "Maria vai com as outras". Não poupei detalhes, e relatei tristezas desnecesárias que tive quando não respeitei minhas opiniões.  Estabelecida a confiança de ambos os lados, nossa conversa se estendeu sobre o que realmente precisamos ter, se é bom ou não ter tudo o que os outros têm, do quanto é importante gostar daquilo que é nosso e valorizar mais o que temos do que o que gostaríamos de ter (uma bela oportunidade eu tive de ensinar e revisar meu testemunho de vida) .

Tenho certeza que essa conversa sobre firmar a identidade está só começando, mas muito serviu para que eu preste cada vez mais atenção nas entrelinhas das conversas dos meus filhotes. O saldo de nossa conversa foi positivo, pois a pedido dela o lanche continuou saudável e pelo menos por enquanto, o recreio com os amigos deixou de ser um problema para minha filha.

Um comentário:

  1. Rê, seu texto está cada dia melhor...tenho muito que aprender com você até meu baby chegar!
    Parabéns,
    Paula

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